Publicado com o título: Que cara queremos? - Revista Destaque Imobiliário - Agosto 2010.
Qual a cara que queremos para nossos edifícios e nossas cidades?
Vivemos em uma época de grandes investimentos imobiliários. E isso deve continuar! Inúmeras construtoras e incorporadoras fazem lançamentos atrás de lançamentos, e esses lançamentos constroem as nossas cidades, nossos edifícios e nossas habitações. O tema que escolhemos para tratar neste artigo são os prédios residenciais. Paremos e olhamos um pouco para esses edifícios que conhecemos. Que cara eles têm? Como estão localizados dentro de nosso tecido urbano? Qual o cenário de cidade que eles estão criando? Temos de ser realistas e sem nenhum exagero, é lastimável a qualidade arquitetônica dos edifícios residenciais construídos em nossas cidades, salvo algumas boas exceções.
Eles não têm cara de arquitetura contemporânea!
O apego ao neoclássico
Alguns são imitações mal feitas de arcos romanos, de colunas gregas que, podemos dizer, chegam a seu uma ofensa para nossa cultura local, sem falar no gosto duvidoso e no exagero de ornamentos que vemos nessas edificações. Constatamos aqui um forte apego ao estilo neoclássico. Sem falar nos nomes franceses tão comuns para designar esses prédios. Mas façamos uma breve reflexão, faz algum sentido projetarmos e construirmos este tipo de arquitetura em pleno ano de 2010? É lógico que não! A conhecida resposta dos investidores de que é isto que vende não pode mais imperar neste mercado que é responsável por grande parte da construção de nossas cidades.
Edifícios com uma cara atual
Repito, nossos edifícios devem ter um caráter contemporâneo, nossos projetos arquitetônicos devem oferecer melhores formas de viver, espaços mais inteligentes e flexíveis e é nossa a responsabilidade de mostrar como isso pode ser feito.
Arquitetura contemporânea de qualidade
Felizmente, mas muito lentamente, isso começa a mudar, já podemos encontrar no mercado, construtoras inovadoras que contratam arquitetos e exigem uma arquitetura de vanguarda, bem resolvida e de forte caráter contemporâneo, é disso que precisamos. Já temos no mercado ótimos exemplos de prédios pensados apartir do princípio de fazer arquitetura contemporânea de qualidade. A Incorporadora Ideazarvos e a MovimentoUm, ambas no estado de São Paulo, são bons exemplos de como encarar este desafio. Seus projetos são feitos para pessoas que gostam de arquitetura contemporânea, inovação e diferenciação.
A arquitetura dever refletir a sua época
Outra premissa que podemos destacar e que está presente em toda a história da arquitetura, já muito defendida por arquitetos como Le Corbusier, Walter Gropius, Mies e artistas como Mondrian, entre outros precursores do movimento moderno é que a arquitetura deve expressar a época em que vivemos. Ela também serve para contar a história deste período. Porque continuar fazendo essa arquitetura “estilista padrão de mercado” sem sentido algum? Será que estamos construindo edifícios que reflitam a forma de viver e de pensar do início deste século 21?
Edifício 360º
Dentre as propostas inovadoras que podemos citar, o caso mais notório é o Edifício 360º, projeto do arquiteto paulista Isay Weinfeld, que recebeu o prêmio da Future Project Awards, na cidade de Londres. Seu conceito evita os apartamentos que conhecemos e cria casas suspensas, resultando formalmente em caixas que dialogam entre si. Ao invés de varandas, criam-se entre estas caixas espaços que são verdadeiros quintais verdes.
Em outros exemplos podemos perceber a liberdade das plantas para cada proprietário, em alguns casos inclusive de banheiros e áreas hidráulicas, a diferenciação entre as unidades de um mesmo edifício, as grandes alturas de alguns pé-direitos, áreas verdes e abertas quando possível, um eficiente uso da iluminação natural e ventilação cruzada, além da preocupação com o aspecto formal, pois conforme afirma o arquieto Marcelo Morettin, tudo em arquitetura deve ser pensado também quanto à estética.
Edifícios residenciais em SC
Já constatamos alguns bons exemplos no estado de São Paulo e outras regiões do país. O desenvolvimento de uma linguagem contemporânea neste segmento capaz de expressar nossa época através de uma arquitetura contemporânea de qualidade precisa aparecer em nosso estado. A boa arquitetura sempre poderá ser vendida. Os investidores devem se convencer de que no final eles também estarão ganhando. E o mais importante, a cidade e a sociedade estarão ganhando. As pessoas ficarão gratas. Afinal de contas, viver em uma cidade feita de boa arquitetura faz toda a diferença.
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http://blog.pjvarquitetura.com.br/2011/05/que-cara-queremos.html