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quinta-feira, 1 de março de 2012

Arquitetura Contemporânea no Brasil

Quanto à arquitetura civil brasileira dos séculos XVII e XVIII - fonte de inspiração seguramente mais interessante do que os edifícios religiosos, para um arquiteto contemporâneo - ela pode ser classificada como barroca por razões de ordem cronológica, à revelia de qualquer critério estilístico, pois se opõe radicalmente a tudo aquilo que caracteriza o movimento barroco.
O que Lúcio Costa efetivamente aprecia na arquitetura civil luso-brasileira é sua simplicidade e sua pureza.
Como vimos, desde sua fase neocolonial, ele vinha se empenhando em reencontrar essas qualidades tradicionais da arquitetura portuguesa, preservada integralmente nas colônias. Mesmo depois de ter-se convertido ao racionalismo de Le Corbusier, preserva essa preocupação; o caráter perfeitamente funcional e lógico dessa arte antiga prestava-se, aliás, a uma aproximação com o movimento moderno. Mas ele foi mais longe e logo se apercebeu de que, naquela arquitetura, havia uma experiência de três séculos, da qual se poderia extrair ensinamentos, ainda hoje válidos, desde que se tomasse o cuidado de não se ater aos aspectos já superados dessa arquitetura, voltando-se para aqueles processos utilizados que pudessem interessar à técnica contemporânea.

Trecho retirado do livro: Arquitetura Contemporânea na Brasil - Yves Bruand (páginas 123 e 124).

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A lógica na arquitetura - Bruno Padovano

Artigo do arquiteto e professor da FAU-USP, Bruno Padovano, publicado no Portal Vitruvius relaciona a arquitetura da razão com a arquitetura da emoção, duas abordagens aparentemente opostas do ato de projetar. Desta relação ela defende a arquitetura da lógica, onde tanto as necessidades racionais, quanto as emocionais, são simultaneamente satisfeitas.

Tenham uma boa leitura !!

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.141/4218

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Crítica de arquitetura - Alfonso Corona Martínez

A última edição da Revista Summa, número 169, traz o texto O Projeto, uma documentação com valor didático, excelente artigo que aborda o processo de projeto.
Este artigo deriva da palestra do arquiteto, professor e pesquisador Alfonso Corona Martínez, já ministrada no 9o Seminário Docomomo Brasil, realizado em Brasília-DF, neste ano de 2011.

Palestra de Alfonso Corona Martínez no Docomomo Brasil 2011 (Brasília-DF)


Para os colegas arquitetos presentes no evento, é uma bela maneira de retomarmos e relembrarmos um tema de tal importância para o ensino da arquitetura; para os que não presenciaram, aqui está uma bela oportunidade para tomar conhecimento das palavras deste sábio arquiteto.

O professor ainda citou o livro dos brasileiros Anna Paula Canez e Cairo Albuquerque da Silva, editado pela Uniriter - Porto Alegre (RS), "Composição, partido e progrma: uma revisão crítica de conceitos em mutação", como uma valiosa contribuição para esta questão.

Livros dos brasileiros a esquerda, livro do autor a direita
O arquiteto é autor, entre outros títulos, do libro "Ensayo sobre el proyecto".


Local do evento em Brasília (DF) - Câmara Legislativa Federal   -   Projeto Paulista Arquitetura

sábado, 21 de janeiro de 2012

Arquitetura residencial e a cidade

Publicado com o título: Que cara queremos? - Revista Destaque Imobiliário - Agosto 2010.

Qual a cara que queremos para nossos edifícios e nossas cidades?
Vivemos em uma época de grandes investimentos imobiliários. E isso deve continuar! Inúmeras construtoras e incorporadoras fazem lançamentos atrás de lançamentos, e esses lançamentos constroem as nossas cidades, nossos edifícios e nossas habitações. O tema que escolhemos para tratar neste artigo são os prédios residenciais. Paremos e olhamos um pouco para esses edifícios que conhecemos. Que cara eles têm? Como estão localizados dentro de nosso tecido urbano? Qual o cenário de cidade que eles estão criando? Temos de ser realistas e sem nenhum exagero, é lastimável a qualidade arquitetônica dos edifícios residenciais construídos em nossas cidades, salvo algumas boas exceções.
Eles não têm cara de arquitetura contemporânea!
O apego ao neoclássico
Alguns são imitações mal feitas de arcos romanos, de colunas gregas que, podemos dizer, chegam a seu uma ofensa para nossa cultura local, sem falar no gosto duvidoso e no exagero de ornamentos que vemos nessas edificações. Constatamos aqui um forte apego ao estilo neoclássico. Sem falar nos nomes franceses tão comuns para designar esses prédios. Mas façamos uma breve reflexão, faz algum sentido projetarmos e construirmos este tipo de arquitetura em pleno ano de 2010? É lógico que não! A conhecida resposta dos investidores de que é isto que vende não pode mais imperar neste mercado que é responsável por grande parte da construção de nossas cidades.
Edifícios com uma cara atual
Repito, nossos edifícios devem ter um caráter contemporâneo, nossos projetos arquitetônicos devem oferecer melhores formas de viver, espaços mais inteligentes e flexíveis e é nossa a responsabilidade de mostrar como isso pode ser feito.
Arquitetura contemporânea de qualidade
Felizmente, mas muito lentamente, isso começa a mudar, já podemos encontrar no mercado, construtoras inovadoras que contratam arquitetos e exigem uma arquitetura de vanguarda, bem resolvida e de forte caráter contemporâneo, é disso que precisamos. Já temos no mercado ótimos exemplos de prédios pensados apartir do princípio de fazer arquitetura contemporânea de qualidade. A Incorporadora Ideazarvos e a MovimentoUm, ambas no estado de São Paulo, são bons exemplos de como encarar este desafio. Seus projetos são feitos para pessoas que gostam de arquitetura contemporânea, inovação e diferenciação.
A arquitetura dever refletir a sua época
Outra premissa que podemos destacar e que está presente em toda a história da arquitetura, já muito defendida por arquitetos como Le Corbusier, Walter Gropius, Mies e artistas como Mondrian, entre outros precursores do movimento moderno é que a arquitetura deve expressar a época em que vivemos. Ela também serve para contar a história deste período. Porque continuar fazendo essa arquitetura “estilista padrão de mercado” sem sentido algum? Será que estamos construindo edifícios que reflitam a forma de viver e de pensar do início deste século 21?
Edifício 360º
Dentre as propostas inovadoras que podemos citar, o caso mais notório é o Edifício 360º, projeto do arquiteto paulista Isay Weinfeld, que recebeu o prêmio da Future Project Awards, na cidade de Londres. Seu conceito evita os apartamentos que conhecemos e cria casas suspensas, resultando formalmente em caixas que dialogam entre si. Ao invés de varandas, criam-se entre estas caixas espaços que são verdadeiros quintais verdes.
Em outros exemplos podemos perceber a liberdade das plantas para cada proprietário, em alguns casos inclusive de banheiros e áreas hidráulicas, a diferenciação entre as unidades de um mesmo edifício, as grandes alturas de alguns pé-direitos, áreas verdes e abertas quando possível, um eficiente uso da iluminação natural e ventilação cruzada, além da preocupação com o aspecto formal, pois conforme afirma o arquieto Marcelo Morettin, tudo em arquitetura deve ser pensado também quanto à estética.
Edifícios residenciais em SC
Já constatamos alguns bons exemplos no estado de São Paulo e outras regiões do país. O desenvolvimento de uma linguagem contemporânea neste segmento capaz de expressar nossa época através de uma arquitetura contemporânea de qualidade precisa aparecer em nosso estado. A boa arquitetura sempre poderá ser vendida. Os investidores devem se convencer de que no final eles também estarão ganhando. E o mais importante, a cidade e a sociedade estarão ganhando. As pessoas ficarão gratas. Afinal de contas, viver em uma cidade feita de boa arquitetura faz toda a diferença.


Veja as páginas da publicação.
http://blog.pjvarquitetura.com.br/2011/05/que-cara-queremos.html

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Informativo IAB Blumenau - CAU

 cid:00e401c83605$5da9e1d0$1701a8c0@anderson

 Instituto de Arquitetos do Brasil | Departamento Santa Catarina | Núcleo Blumenau


IAB-SC – Núcleo Blumenau informa:

Em função da transição dos arquitetos do CREA para o CAU, o IAB Blumenau organizou alguns esclarecimentos com informações básicas para todos os profissionais:

- Desde o dia 20/12/2011, com a aprovação da lei nº 12.378/10 (disponível aqui), os arquitetos não fazem mais parte do sistema CONFEA/CREA e sim do novo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR.

- A anuidade 2012 do CREA não deve ser paga pelos profissionais arquitetos (pois não fazemos mais parte do CREA). Agora nosso Conselho profissional é o CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

- A partir do dia 21/01/2012 deverá estar disponível no site de serviços do CAU (https://servicos.caubr.org.br/) a opção para emitir o boleto da Anuidade do CAU.

- O CREA-NET foi substituído pelo SICCAU - Sistema de Informação e Comunicação do CAU. Todos os profissionais deverão acessar o SICCAU e cadastrar ou atualizar seus dados para ter acesso ao sistema. A emissão de RRTs e demais documentos se darão pelo SICCAU (assim como era feito antes pelo CREA-NET).

- O manual de utilização do SICCAU está disponível aqui, com instruções passo a passo de como acessar e utilizar o SICCAU.

- As ARTs não são mais emitidas pelos arquitetos. Agora emitimos o RRT - Registro de Responsabilidade Técnica, que substitui a ART.

Divulgue:
antes: CREA / agora: CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo;
antes: ART / agora: RRT - Registro de Responsabilidade Técnica;
antes: CREA-NET / agora: SICCAU - Sistema de informação e Comunicação do CAU;

Pedimos que repassem essas informações para seus colegas de profissão, pois elas são fundamentais para o exercício profissional do arquiteto a partir da criação do CAU.

Dúvidas ou maiores informações no site do CAU/BR: http://www.caubr.org.br/, no site do CAU/SC:http://www.causc.org.br/ ou com os atendentes na sede provisória do CAU/SC, através do telefone            (48) 3331-2023       ou pelo e-mail boabaid@crea-sc.org.br.

Saudações Construtivas

Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB-SC - Núcleo Blumenau

domingo, 15 de janeiro de 2012

Arquitetura neocolonial e arquitetura moderna

Por mais estranho que possa parecer, a priori, o estilo neocolonial constituiu-se numa transição necessária entre o ecletismo de caráter histórico, do qual era parte intrínseca, e o advento de um racionalismo moderno, cuja origem foi a doutrina de Le Corbusier, mas cuja grande originalidade local não pode ser questionada.

Comentário de Yves Bruand, em seu livro Arquitetura Contemporânea no Brasil, página 58, relacionando a volta a uma arquitetura com tradição local (a arquitetura colonial) como importante componente no posterior surgimento da arquitetura "moderna" brasileira.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Roberto Segre - sobre arquitetura na América Latina

E os problemas mais urgentes a resolver, para evitar o previsível colapso de algumas metrópoles, em particular as existentes nos países de Terceiro Mundo, não são arquitetônicos e urbanísticos, mas ecológicos, funcionais, econômicos, sociais e infraestruturais.


Retiraddo do artigo de Roberto Segre, na Revista AU - janeiro de 2012.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Algumas anotações

Fala-se muito e condena-se a atual arquitetura espetáculo que tantos arquitetos “famosos” pelo mundo afora andam produzindo.
Hoje é possível construir uma cidade em um pequeno espaço de tempo. E uma cidade com os altíssimos edifícios que conhecemos e com grande densidade demográfica. Tudo em prol do desenvolvimento a todo custo.
Podemos falar que esta arquitetura espetáculo, cria em pouco tempo, a cidade-espetáculo. Feita para abrigar “estas obras de arte” que serão divulgadas e serão visitadas sendo assim conhecidas por todo o mundo. É desta forma que hoje se apresenta a “boa arquitetura” para os cidadãos.
Bem, estas colocações são de fato muito interessantes, pois é dessa forma que realmente acontece, (lógico que há algumas boas obras entre elas), mas o que deve focar nossa preocupação e discussão é como vencê-la.
Somos gratos e muito admiramos o início do período moderno e suas grandes manifestações, que muito podemos ver aqui no Brasil. Temos que tirar grande lição dela, entendê-la, e colocá-la no sentido histórico: desenvolvida após o período das manifestações ecléticas, vindo contra esta base arquitetural definida por estilos, que muito já vinham se repetindo sem sentido algum. Se elegermos o período arquitetônico das grandes monumentalidades representado por Grécia, Roma, Egito e Mesopotâmia como o ápice da arquitetura de todos os tempos, em virtude de sua ordem, beleza e principalmente condições históricas na qual se desenvolveu, podemos dizer que o período moderno é o período que tenta adquirir de certa forma tanto respeito quanto o primeiro. Logicamente, sem este êxito, mas com uma imensa evolução tecnológica, grande revolução estética e com uma nova metodologia de criação, baseada na planta como figura central, a arquitetura moderna é extremamente rica nas obras que nos deixou. E é a partir desta análise que temos de enfrentar e propor o que está por vir.

Texto escrito pelo arquiteto Pablo J. Vailatti, no ano de 2008.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Lucio Costa

“Enquanto satisfaz apenas às exigências técnicas e funcionais, não é ainda arquitetura; quando se perde em intenções meramente decorativas, tudo não passa de cenografia; mas quando – popular ou erudita – aquele que a ideou pára e hesita ante a simples escolha de um espaçamento de pilares ou da relação entre a altura e a largura de um vão, e se detém na obstinada procura de uma justa medida entre cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a uma lei, e se demora atento ao jogo dos materiais e a seu valor expressivo, quando tudo isto se vai pouco a pouco somando em obediência aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas, também, àquela intenção superior que escolhe, coordena e orienta no sentido da idéia inicial toda essa massa confusa e contraditório de pormenores, transmitindo assim ao conjunto, ritmo, expressão, unidade e clareza – o que confere à obra o seu caráter de permanência – isto sim é arquitetura.”

Lucio Costa, grande mestre da arquitetura brasileira.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Música e Arquitetura - Fernanda Abreu

Declaração da cantora Fernanda Abreu referente música e arquitetura para o blog Projetando Ideias. 

A cantora Fernanda Abreu cursou durante 6 meses o curso de Arquitetura, e afirma que isto contribuiu para sua formação como artista e como ser humano, ampliando sua visão e entendimento sobre o mundo. Ela acredita que, subjetivamente, música e arquitetura possuem um ponto em comum, “um espaço (casas ou cidades) reflete o homem e o mundo em que vive. É um reflexo de seu tempo. A música também. Arquitetura e música acabam por traduzir e decifrar um pouco da alma humana”.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Recado para construtoras e incorporadoras

A arquitetura pode qualificar o espaço urbano e assim melhorar a qualidade vida das pessoas.

A paisagem das cidades são construídas pelos edifícios e quem constrói os edifícios somos nós.

Pense nisso!

domingo, 28 de agosto de 2011

Palestra 01-09-2011 - Laguna (SC)

Nesta quinta-feira, dia primeiro de setembro de 2011, estarei em Laguna proferindo uma palestra sobre minha forma de ver, pensar e fazer arquitetura hoje em dia.

O convite foi feito pelo presidente do Centro Acadêmico da UDESC, de Laguna, para que eu falasse sobre processo de projeto e mercado de trabalho catarinense aos alunos do curso.

Selecionei alguns conceitos que acredito para colocar aos alunos, são alguns pensamentos de arquitetos que leio e admiro. Em sequência falarei das oportunidades e deficiências do mercado de nosso estado, e por fim mostrarei alguns projetos, suas ideias iniciais, um pouco do seu desenvovimenfto e seu resultado final.

Penso que deverá ser um bate papo agradável e interessante aos que estiverem presentes.

Abraços.
Pablo J. Vailatti.


Divulgação Centro Acadêmcio de Arquitetura e Urbanismo - UDESC - Laguna - SC

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Matéria - Arquitetura Contemporânea

Leia na edição de julho da Revista Destaque Imobiliário matéria sobre arquitetura
contemporânea escrita pelo arquiteto Pablo José Vailatti.


No mês de maio uma postagem deste blog divulgou diversas fotos deste interessante conjunto de casas.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Peter Eisenman - trecho de entrevista

"Mesmo sendo um arquiteto da era digital você deve estudar Palladio. A cultura sobrevive graças aos precedentes e qualquer um deve conecê-los a fundo. Você não pode inventar nada se não conhecer os fundamentos da sua essência. É preciso conhecer os precedentes e, a partir desse conhecimento, você pode começar a fazer o que quiser."

Trecho retirado da entrevista deste mês de Peter Eisenman para a Revista AU, número 206, maio de 2011.

Creio que é uma colocação muito interessante sobre a forma de ver, pensar e fazer arquitetura.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Que cara queremos ?

Abaixo artigo do arquiteto Pablo J. Vailatti publicado na Revista Destaque Imobiliário em agosto de 2010 sobre a arquitetura dos edificíos e de nossa cidade.




domingo, 1 de maio de 2011

Coisas feias ou coisas bonitas ...


Segue abaixo outro trecho de uma entrevista de Eduardo Souto de Moura, ganhador do prêmio Pritzke 2011, onde o arquiteto dá algumas dicas sobre sua forma de pensar a arquitetura.

Zabalbeascoa: Então, a escala transforma os arquitetos ?

Moura: Sim; e a idade também. Quando eu era mais jovem estava preocupado com o 'estilo', com a 'elegância'. Hoje, valorizo mais a 'naturalidade'. Para poderem resistir ao tempo, para que os edifícios permaneçam, é importante que as coisas sejam vivenciadas com naturalidade. Um pouco como acontece com os animais, que quando nadam muito perdem as patas, se transformando em nadadeiras. A Natureza responde sempre da maneira mais 'natural', com lógica. E acredito que, antes, eu fazia uma arquitetura muito preocupada em ser 'coerente' mas que, no entanto, respondia a um campo muito limitado da realidade. Hoje, fui perdendo o medo de fazer coisas 'feias'. Não se trata de querer fazer algo 'feio', por princípio. É que para fazer coisas 'bonitas' temos que perder o medo de fazê-las 'feias'.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Conceito de tipo - Panteon

Pensar a arquitetura usando os conceitos de tipo e estrutura nos permite estabelecer comparações sincrônicas. Podemos comprovar como o modelo do Panteon de Roma segue vigente na arquitetura moderna. O espaço simétrico, axial, puro, transparente, rítmico e sereno do átrio do Panteon é reproduzido na base do Seagram Building (1954-1958) de Mies van der Rohe. ... Da mesma forma que o Museu Guggenheim de Nova Iorque (1943-1959) de Frank Lloyd Wright conforma-se como um espaço interior, puro e unitário, como o do Panteon, dinamizado agora pelo espaço-tempo introduzido pela visão dinâmica, desde as rampass, dentro de uma casca orgânica.

Trecho retirado da página 116, do livro A modernidade superada.

quinta-feira, 31 de março de 2011

SUSTENTABILIDADE - by Eduardo Souto de Moura

Em trecho retirado de uma entrevista do arquiteto português Eduardo Souto de Moura, uma ótima visão do que estãio fazendo com este termo "sustentabilidade" hoje em dia.

Zabalbeascoa: Quer dizer, então, que o Sr. acha que a 'sustentabilidade' é uma questão de gente rica ?

Moura: Não, é um problema dos maus arquitetos. Estes se preocupam sempre com temas secundários. Dizem coisas do tipo: "a Arquitetura é Sociologia, Linguagem, Semântica, Semiótica...". Inventaram a 'arquitetura inteligente' – como se o Partenón fosse estúpido –, e agora, a última moda é a 'arquitetura sustentável'. Tudo isso são variantes [complejos] da má Arquitetura. A Arquitetura não tem que ser 'sustentável'. A Arquitetura, para ser boa, já o é, implicitamente, sustentável. Nunca haverá uma boa arquitetura... que seja estúpida ! Um edifício em cujo interior as pessoas morram de calor, por mais elegante que seja, será sempre um fracasso. A preocupação com a 'sustentabilidade' denota, apenas, mediocridade. Não se pode elogiar um edifício por ser 'sustentável'. Seria como elogia-lo por ficar de pé !

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

texto sobre modernidade

Começo este blog com um texto que formei a partir de frases retiradas de livros do arquiteto e crítico Hélio Pinon, professor na universidade de Barcelona. Uma visão muito clara sobre o que é a modernidade e a sua vigência na atualidade. Uma leitura que faz a todos nós arquitetos refletirmos sobre nossa forma de ver, pensar e fazer arquitetura.

M  o  d  e  r  n  i  d  a  d  e   .  .  .

Em arquitetura, dá-se o paradoxo de que as regras não sejam conhecidas até o fim.
A ordem, a economia de meios, o rigor, a precisão, por exemplo, são valores que podem ser considerados universais.
Modernidade fundamenta-se num modo distinto de ordenar, de conceber um artefato com critérios de consistência formal.
A proposta de uma formalidade distinta da clássica, que reserva ao sujeito um papel decisivo na concepção, é a grande contribuição da modernidade para a história da arte.
O movimento moderno supunha uma revolução radical nos modos de conceber a forma, de ordenar os espaços do homem.
Caso se tivesse entendido que a arquitetura moderna não era nem uma racionalização da construção, nem a expressão da estética da máquina, nem o reflexo imediato do espírito da época, mas o produto de um modo de conceber que renuncia ao poder estabilizador do tipo, e caso se enfrentasse a consistência formal da obra através da proposta de uma estrutura específica que o processo do projeto vai configurando, provavelmente se teria procedido com mais cuidado na hora de propor alternativas.
Somente os grandes sistemas arquitetônicos geram uma arquitetura vulgar de qualidade: o classicismo deu lugar ao maneirismo; a modernidade, ao estilo interncional.
A pós-modernidade gerou uma arquitetura ordinária, bastarda e desarraigada, expressão do ceticismo e da insegurança, carente de critérios e objetivos, sem nem sequer ter o propósito de se parecer com alguma coisa.
Duas das principais características condicionadas a arquitetura moderna são o funicionalismo e o racionalismo, porém seus significados são muitas vezes deturpados.
Só na medida em que a identidade do edifício deixa de ser determinada pelo tipo e depende do programa é que se pode falar de funcionalismo. Não se trata portanto, de que a forma siga a função, mas de que o fim do tipo como critério de identidade da obra coloque o programa no primeiro plano das condições em que se dá a forma.
O racionalismo é uma doutrina que sustenta que o único modo de conhecimento é o que deriva do uso das ideias sem necesidade de recorrer a experiência. A arquitetura moderna é racionalista, visto que propõe a produção da obra a partir de um ato de concepção, livre da verificação empírica que o recurso tipo pressupunha.
Sendo assim, a renúncia ao tipo, característica da modernidade arquitetônica, é o traço que está na base dos qualificativos de funcionalista e racionalista.
Toda a teoria formalista, antecedente histórico das vanguardas, que, por sua vez, fundamentaram a formalidade moderna, baseia-se na ideia de forma como sistema de relações que sustentam o objeto e determinam a identidade.
A arquitetura não se apóia em verdades, mas sim em convicções.
A modernidade propõe a construção de objetos dotados de uma estrutura formal consistente, específica para cada caso, o que situa no obra concreta os critérios de usa própria legitimidade formal.
Não se trata, na verdade, de saber o que fazer para ser mais moderno, mas de conhecer o que o modo moderno contribuiu para o classicismo acadêmico: os dois grandes sistemas arquitetônicos da história. Se  trata de conhecer a magnitude e o sentido da mudança que o modo moderno de construir a forma introduziu no processo de evolução histórica dos modos de conceber.
Se renuncia ao sistema tipológico como instância normativa que legitima historicamente – e avaliza formalmente – a estrutura espacial do edifício, para propor sua estrutura em termos de concepção subejtiva. Só nesse aspecto – na renúncia a seguir recorrendo ao estilo como sisitema normativo – pode-se falar em anti-estilismo da arquitetura moderna.
A ausência de normas precisas e a relevância que adquire a ação subjetiva na prática da arquitetura moderna pareceram, desde o princípio, circunstâncias incompatíveis com a natureza normativa dos estilos históricos.
Não se pode continuar reduzindo a modernidade a um conjunto de características, nem a uma coleção de preceitos morais ou ideológicos; há que reconhecê-la como um modo de enfrentar e resolver a construção da forma radicalmente distinto da classicista, sem perder nada da consisitência que caracteriza sua idéia de origem.
... não creio que a vigência da arquitetura moderna requeira mais argumentações ...
... bastaria falar de arquitetura, do mesmo modo que os arquitetos do século XVII não se referia à arquitetura barroca, senão simplesmente à arquietura, sem adjetivá-la.  Os restaurantes chineses da China não são restaurantes chineses senão, simplesmente, restaurantes: em todo caso, são os demais – japoneses, italianos, por exemplo – que devem identificar suas respectivas ofertas.
O mundo jogou a toalha; os arquitetos, a sua.
Voltando à caracterização da modernidade arquitetônica, quero insistir em que sua idéia de ordem é essencialmente distinta da clássica: não se baseia na hierarquia, senão na classificação; não se apóia na igualdade das artes senão em sua equivalência; não persegue a simetria, senão o equilíbrio. No entanto, tanto a arquitetura clássica como a moderna se baseiam em uma idéia forte de ordem. Nesse sentido, pode-se falar de um e outro sistema como sendo os dois grandes formalismos da história da arte.
Cada produto da concepção moderna encontra sua legalidade formal ao concluir o processo de concepção: a ordem é específica de cada objeto e aparece só ao final do projeto.
Por definição, a arquitetura moderna não atua com modelos a imitar nem regras a seguir, senão com critérios de forma que só podem ser verificados ao final do processo, precisamente porque até então não se dispões da regra específica que dá identidade à obra concreta: só ao final do processo se reconhece os critérios que permitem captar a formalidade específica da obra.
O primeiro requisito de um artefato moderno é ser configurado por meio de regras prórias.
Na arquitetura clássica, o critério de identidade da obra reside no tipo: a própria descrição faz referência a uma classe de objetos definidos por uma série de invariantes estruturais, isto é, por uma série de atributos típicos.
Na arquitetura moderna, ao contrário, o que identifica a obra é uma estrutura espacial consistente, constituída sobre os requisitos do programa, entendido em sentido amplo – construtivo, funcional, econômico.
A noção de universalidade é inseparável da arte moderna, e constitui a condição básica da sua idéia de forma.
Portanto, a ideia moderna de forma conta com a capacidade de quem projeto para dar à luz objetos ou episódios arquitetônicos que, respondendo a critérios de universalização, adquiram uma identidade precisa em função das condições de sua gênese: nisso reside a grandeza da concepção moderna e é esta também a dificuldade principal para quem tenta empreendê-la.